segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um domingo qualquer de 1975...


Percorrí o bairro a pé e arranjei alguém pra bater papo.
O marido, deixei em casa, grudado no futebol.
Uma latinha de cerveja com sal e limão,
cigarros, depois voltar pra fazer macarrão.
A tarde, show da Rita Lee no Ibirapuera.
Foi bom vê-la de rosto suado, sorriso largo,
e meio falso moralista, pra minha decepção.
Volto pra casa.
Há alguns pontos nebulosos no interior
da sala, e nenhum bom filme pra ver na televisão.
Um telefonema pra Denise Teixeira Viana,
amiga do Rio de longa data...
No rádio algumas novidades. 
Assim... como algumas curiosidades.
No coração uma terna saudade
e muito aceso um tesão.
Ah! A saudade assopro pro ar.
Pronto.
Não há mais nada 
que consiga prender minha atenção.
Saudade.
Sabe-se que distância nos separa.
Houve um divisor de águas,
chamado desilusão.
Para agravar a emoção ouço
Fascinação e as lágrimas que correm
têm uma enorme proporção.
Espero que se diluam com os
sabe quantos dias de espera,
até reencontrar minha grande paixão.
No fim do dia busco consolo no jardim, na oração
e numa citação literária.
Talvez a compensação.
Que situação!
Melancolia típica de domingo.
No comecinho da noite
TV ligada a toa e umas piadas...
à la Jô Soares na luta 
contra a mais longa das insônias.
Angustiante saudade.
Mas essa, é a mais doce solidão.


Cecília Fidelli

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