terça-feira, 30 de novembro de 2010

Cecília Fidelli, pelo poetamigo Nelson Aharon Bibow - em 23 de Novembro de 2010:

Depois de gastar a vida fazendo poesia,
uma das mais significativas lembranças que vou levar para a espiritualidade.

Cecília Fidelli, pelo poetamigo Nelson Aharon Bibow - em 23 de Novembro de 2010:

Cecília teu blog é demais.
Um achado, um tesouro.
Nossa, quanto talento tem essa mulher.
Impressionante. Magnífico.
Profundidade da arte de escrever.
Curvo-me diante de tuas poesias, poemas, sonetos e tudo o que vieres a compor.
Parabéns, com louvor.
Descobrí uma Diva da Poesia esta noite
Estou até meio fora de controle ao ler teus poemas no blog.
O que é isso,mulher?
Encosta em mim e passa um pouquinho do teu talento nessa alma que ama poesia.
Voce é demais.
Jamais pensei encontrar na vida alguém assim tão especial.
Passei o link pra minha filha que é formada em LETRAS e está fazendo MESTRADO.
Ela puxou minha orelha e com razão.
Fiquei zonzo ao ler você.
Demais... demais... Lindo.
Me ensina a ser humilde.
De certa forma você já me ensinou.
Foi uma aula esta noite
Pode ter certeza que seu aluno aprendeu muito.
Eis o poder da tua arte, obrigado.
Cecília 100% alma de poetisa.

NELSON AHARON RIBOW.

Sem título

segunda-feira, 29 de novembro de 2010


                            

                                      Estranho,
é o cheiro de pizza que atinge a barriga

vazia dos meninos
de rua na esquina,
que lhe esticam as mãos,
sonhando que estenda
apenas uma.
À cata de migalhas
esparsas, olhos de
infância malvada,
aflora um medo
recíproco terrível.
Estranho, estranho
é ignorar.

Cecilia Fidelli



            Experimenta:
Atravessa a favela,
- "Gang da gangsters"?
Bate de frente com o 
contraste. É uma emoção
diferente, um passeio
trevoso...
Mas abre os olhos
para enxergar.
Despoja-te da tua
"nobreza" e furta alguns
sorrisos que a viela
não te parecerá tão longa.
Sensibilizado, desmancha-te em prantos.
Contempla.
Silencia.
Reflete.
Experimenta, e volta
ao teu lar.

                                                                                     Cecilia Fidelli 

                                      Poema ao suicida
Décimo andar.
Ar carregado.
Nada ouço.
Quero a primeira janela.
E esse trabalho de rescaldo
íntimo nunca termina.
Há uma pólvora em minha cabeça.
Não é suficiente para acabar com tudo.
Suspirar,
do fundo do coração,
não atende as minhas necessidades.
Não acaba com tudo
A covardia cega pulsa.
Pulo.
Não acabei com tudo.
Sofro. Mas, há uma dádiva.
Quem pulsa agora é minh' alma.

Cecilia Fidelli

                                                  Horário marcado
Por volta das seis da manhã,
        queria você para o café.
Por volta das onze,
        queria você para o almoço.
Por volta das quatro da tarde,
        queria você para o lanche.
Por volta das nove da noite,
        queria você para o jantar.
Por volta da meia-noite,
        queria você para amar.
Na madrugada, sem horário marcado,
                apetitosas sobremesas,
acompanhadas de um concentrado de beijos
e a silenciosa lua, faria o fundo musical.

                                                                        Cecilia Fidelli 


                                 Há
Há um pequeno oratório em minha mesa de vidro.

Dever ser para rezar.
Há flores nas árvores, através da vidraça.
Deve ser para adquirir o hábito de olhar e sentir.
Há papel e lápis.
Deve ser para pintar a transparência das águas da chuva.
Há manjericão.
Deve ser para perfumar a "puríssima" da jarra.
Dependendo da intensidade do temporal íntimo, há incensos.
Deve ser para despertar os sentidos.
Há concentração demais.
Deve ser para esfriar o chá.

                                                                    Cecilia Fidelli 

Entrevista com Cecília Fidelli Editora Komedi

Entrevista com Cecília Fidelli
Editora Komedi

Cecília Fidelli
Cecília Fidelli é ativa participante no mundo literário alternativo, editora da Revista Reviragita. Ainda sem livros publicados, escreve movida pela vocação dos poetas, inspirando-se no mundo que a cerca.
Neste mês, reproduzimos uma de suas mais recentes entrevistas, concedida a Laerçon J. Santos, publicada no Zine Boca Suja, em outubro de 1999.

O alternativo Reviragita Poesia existe há mais de 9 anos. Qual é o segrego para mantê-lo durante tanto tempo, com o mesmo pique, sem nenhum patrocínio?
A gente aprende com as crises e se adapta, como convém aos editores sem patrocínio. Quero que saiba que não sou assim, tão independente. Toda vez que a situação fica complicada, recorro a alguns colaboradores, com os quais posso contar sempre. Há pessoas solidárias, que têm consciência e valorizam meu trabalho de divulgação, informação e promoção de intercâmbios. Persistir para resistir, esse é o segredo. Não é porque de vez em quando pinta um buraco na meia, a gente não sai de casa. Concorda?




Como você encara o fato de muita gente (e eu prova disso), tê-la como "A verdadeira poetisa underground?"
Hum... Puxa-saco é bom e eu gosto! Mas assim, você me deixa vermelhinha, sabia? Sua "atitude" é muito expressiva para mim. Quer dizer que eu estou mesmo em "alta"? Sou como um doente que tem que se cuidar com seus próprios recursos. Estou sempre apta a lidar com tudo o que vivo ou passa por mim. Não sou de aceitar, passivamente, o que a vida me dispõe. Talvez, por isso, chame a atenção de alguns. Coloco todos (ou quase todos) os meus sentimentos no papel. Se alguém me diz que estou sem cintura, não hesito em retrucar que nem por isso sou um saco de feijão. Bem que eu gostaria de ser mais misteriosa! Não consigo.

Gostaria que você traçasse um paralelo de como as críticas, destrutivas ou construtivas, podem influenciar leitores de zines ou alternativos.
Se se refere aos "boicotes" eu diria "tentativas de". As críticas construtivas, são sempre bem-vindas. Estimulam. Já as destrutivas, evidentemente, não são vistas com bons olhos. Ninguém gosta de ser criticado. Mas quem tem personalidade definida (cabeça feita), não se deixa levar por certos atos de negação. Os realmente maldosos são realmente insanos. Deveriam ser conscientizados? Curados? Será que certas "distorções" merecem atenção? Fica a pergunta. Kennedy já dizia: "Sempre se ouvirão vozes em discordância, expressando errado e nunca o certo. Procurando exercer influência, sem aceitar responsabilidades."

O que é amizade para você, Cecília, no meio underground? Ela influi na sua vida de maneira geral? Fale sobre isso.
Estamos todos muito próximos através de cartas, mas de uns tempos para cá, venho tornando amizades, digamos... virtuais em reais. Suas condutas, tendências literárias, idéias e ideais, sentimentos, crenças e até quadros depressivos, me fazem vibrar, afetam profundamente. Por isso mesmo, resolvi me integrar mais e tenho procurado conhecê-los pessoalmente. Antes, definia-os por tese, absorvia mensagens. Hoje acho prazeiroso o olhar no olho. A percepção torna-se mais recíproca. Em outras palavras, são mais interessantes cara a cara. Infelizmente, não posso ter esse privilégio dos mais distantes.

Como surge a inspiração para você escrever coisas tão tocantes e muitas vezes, em tão poucas palavras?
Sensações constantes de angústia e ansiedade, alegria e tristeza e outras mil em relação aos mais diversos aspectos da vida, limitam alguns. A mim, ao contrário, motivam. A poesia funciona como uma válvula de escape. Mais ou menos como "aliviar desejos", entende? Tenho o espírito inquieto por natureza. Eu até procuro escutar as "aspirações" atentamente, mas é inevitável. Tenho consciência de que, às vezes, me torno excessiva.

Grandes poetas costumam dizer que é preciso estar triste para se ter grandes inspirações. Isso é verdade?
Creio que a resposta à pergunta anterior prova que não é o meu caso. Eu e meus escritos somos marido e mulher. Uma cumplicidade... nem sempre amorosa. E jamais me sentiria à vontade dissimulando. Me inspiro quando sofro, me inspiro quando estou feliz. Entretanto, concordo que a felicidade é um espasmo, e que exaltar tristezas, talvez, seja um modo de expor a realidade. Eu, particularmente, tenho maneiras mais preciosas de demostrar que gostaria de esganar essa tal realidade e seus sintomas. Bom seria se conseguíssemos rejeitar sentimentos que provocam problemas cardíacos. Enquanto não os eliminamos... poetamos.

Fale agora o que você acha da cultura na era F.H.C. e o que a aguarda de bom, para o próximo milênio?
As economias do governo FHC, certamente, não são investidas em autores engavetados, por exemplo. Atualmente, o procedimento mais "normal" é veicular a "cultura do bum-bum, do lixo music"... Para o próximo milênio, tudo vai depender de quantos e quais Fernandos Henriques vamos eleger. Faço questão de ressaltar que não fiz parte dessa "irregularidade". Desculpem, sinceramente o desânimo. É que não vejo estratégia eficaz para posturas que sustentam a mídia. Prevalece sempre, em qualquer área, a vantagem financeira e nesse sentido, é dificílimo burlar, "negócios, cada vez mais frutíferos ao fabricante". Enquanto o povo acredita em promessas, fórmulas mágicas, sorrisos promocionais... Abordar esperanças é falível.

O espaço é seu. Fale o que quiser.
Ah! Como eu tinha vontade de agradecer aos zineiros que abriram espaços à poesia! Que bom que o alternativismo e o underground podem andar de mãos dadas! Muito Obrigado! Carinhosamente leitores do Boca suja. Sucesso Laérçon, com sua descontração que limpa nossas mentes e dá brilho sem riscar!
Um domingo qualquer de 1975...


Percorrí o bairro a pé e arranjei alguém pra bater papo.
O marido, deixei em casa, grudado no futebol.
Uma latinha de cerveja com sal e limão,
cigarros, depois voltar pra fazer macarrão.
A tarde, show da Rita Lee no Ibirapuera.
Foi bom vê-la de rosto suado, sorriso largo,
e meio falso moralista, pra minha decepção.
Volto pra casa.
Há alguns pontos nebulosos no interior
da sala, e nenhum bom filme pra ver na televisão.
Um telefonema pra Denise Teixeira Viana,
amiga do Rio de longa data...
No rádio algumas novidades. 
Assim... como algumas curiosidades.
No coração uma terna saudade
e muito aceso um tesão.
Ah! A saudade assopro pro ar.
Pronto.
Não há mais nada 
que consiga prender minha atenção.
Saudade.
Sabe-se que distância nos separa.
Houve um divisor de águas,
chamado desilusão.
Para agravar a emoção ouço
Fascinação e as lágrimas que correm
têm uma enorme proporção.
Espero que se diluam com os
sabe quantos dias de espera,
até reencontrar minha grande paixão.
No fim do dia busco consolo no jardim, na oração
e numa citação literária.
Talvez a compensação.
Que situação!
Melancolia típica de domingo.
No comecinho da noite
TV ligada a toa e umas piadas...
à la Jô Soares na luta 
contra a mais longa das insônias.
Angustiante saudade.
Mas essa, é a mais doce solidão.


Cecília Fidelli

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sábado, 27 de novembro de 2010

É IMPRATICÁVEL

O AMOR ...

REVIRAGITA POESIA

VESTÍGIO

EX AMOR