quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ontem. Hoje.‏

Nos porões de nós mesmos,
as sobras do que fomos,
do que somos e sabe-se lá do que seremos.
A morte vai nos levar a todos, mas deixaremos alguma coisa.
Quando nos avistarmos na eternidade, talvez vejamos a ponte.
Pontes e mais pontes nos transportam a vários sentimentos.
Nos reportam ao passado, como se a vida fosse vista por um diário.
Voltamos à nossa própria história.
Às nossas próprias histórias.
Às vezes me sinto como se tivesse que rever alguém que eu amo.
Rever, rever e rever.
Ficar.
Isso parece tanto com o que sentia na adolescência.
Com a diferença que agora as coisas demoram muito mais pra acontecer.
Que vontade de fazer tudo andar mais rápido.
Mas, rápida é a saudade, o vazio, ocasiões nada especiais.
Lembrar de tudo o que aconteceu com a chegada de uma esperança,
de uma expectativa de viver outra vez sonhos, renovar o espírito...
Talvez o medo de desaparecer ao longo dos anos se aflore assim,
e isso não é como avistar uma paisagem.
É como ir ou estar em outra paisagem, onde tudo em volta vá parar.
Tempo.
Haja tempo pra recuperar outros tempos.
Mas quando se ascende em nós o sol da vontade, da esperança...
Difícil apagar a luz de um sol tão intenso.
O significado, os valores se transformam de tempos em tempos.
Talvez pareça que porque escrevo, por ser poeta, exagero.
Sinceramente, não sei como as outras pessoas de outros segmentos resolvem isso.
Amanhã, certamente, e eu espero, vou estar me sentindo diferente.
E falar de outras coisas. Melhores. Eu espero.

Cecilia Fidelli

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